quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Noite Feliz... Feliz Natal.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Carta aos Seminaristas por Ocasião do Encerramento do Ano Sacerdotal
sábado, 14 de agosto de 2010
Uma Tragédia para a Igreja: o Sacramento da Confissão Esquecido
quarta-feira, 7 de julho de 2010
UMA ÁRVORE QUE CAI FAZ MAIS BARULHO QUE UMA FLORESTA QUE CRESCE
sexta-feira, 16 de abril de 2010
O ENCERRAMENTO DO ANO SACERDOTAL
Caros Presbíteros,
A Igreja sem dúvida está muito feliz com o Ano Sacerdotal e agradece ao Senhor por haver inspirado o Santo Padre a decidir sua realização. Todas as informações que chegam aqui a Roma sobre as numerosas e multíplices iniciativas programadas pelas Igrejas locais no mundo inteiro para realizar este ano especial constituem a prova de como foi bem recebido e - podemos dizer – correspondeu a um verdeiro e profundo anseio dos presbíteros e de todo o povo de Deus. Estava na hora de dar uma atenção especial de reconhecimento e de empreendimento em favor do grande, laborioso e insubstituível presbitério e de cada presbítero da Igreja.
É verdade que alguns, mas proporcionalmente muito poucos, pesbíteros cometeram horríveis e gravíssimos delitos de abuso sexual contra menores, fatos que devemos rejeitar e condenar de modo absoluto e intransigente. Devem eles responder diante de Deus e diante dos tribunais, também civis. Mas estamos antes de mais nada do lado das vítimas e queremos dar-lhes apoio tanto na recuperação como em seus direitos ofendidos.
Por outro lado, os delitos de alguns não podem absolutamente ser usados para manchar o inteiro corpo eclesial dos presbíteros. Quem o faz, comete uma clamorosa injustiça. A Igreja, neste Ano Sacerdotal, procura dizer isto à sociedade humana. Qualquer pessoa de bom senso e boa vontade o entende.
Dito necessariamente isso, voltamos a vós, caros presbíteros. Queremos dizer-vos, mais uma vez, que reconhecemos o que sois e o que fazeis na Igreja e na sociedade. A Igreja vos ama, vos admira e vos respeita. Sois também alegria para nossa gente católica no mundo, que vos acolhe e apoia, principalmente nestes tempos de sofrimentos.
Daqui a dois meses chegaremos ao encerramento do Ano Sacerdotal. O Papa, caros sacerdotes, convida-vos de coração a vir de todo o mundo a Roma para este encerramento nos dias 9, 10 e 11 de junho próximo. De todos os países do mundo. Dos países mais próximos de Roma dever-se-ia poder esperar milhares e milhares, não é verdade? Então, não recuseis o convite premuroso e cordial do Santo Padre. Vinde e Deus vos abençoará. O Papa quer confirmar os presbíteros da Igreja. A vossa presença numerosa na Praça de São Pedro constituirá também uma forma propositiva e responsável de os presbíteros se apresentarem, prontos e não intimidados, para o serviço à humanidade, que lhes foi confiado por Jesus Cristo. A vossa visibilidade na praça, diante do mundo hodierno, será uma proclamação do vosso envio não para condenar o mundo, mas para salvá-lo (cfr. Jo 3,17 e 12,47). Em tal contexto, também o grande número terá um significado especial.
Para essa presença numerosa dos presbíteros no encerramento do Ano Sacerdotal, em Roma, há ainda um motivo particular, que a Igreja hoje tem muito a peito. Trata-se de oferecer ao amado Papa Bento XVI nossa solidariedade, nosso apoio, nossa confiança e nossa comunhão incondicional, diante dos frequentes ataques que lhe são dirigidos, no momento atual, no âmbito de suas decisões referentes aos clérigos incursos nos delitos de abuso sexual contra menores. As acusações contra o Papa são evidentemente injustas e foi demonstrado que ninguém fez tanto quanto Bento XVI para condenar e combater corretamente tais crimes. Então, a presença massiva dos presbíteros na praça com Ele será un sinal forte da nossa decidida rejeição dos ataques de que è vítima. Portanto, vinde também para apoiar o Santo Padre.
O encerramento do Ano Sacerdotal não constituirá propriamente um encerramento, mas um novo início. Nós, o povo de Deus e os pastores, queremos agradecer a Deus por este período privilegiado de oração e de reflexão sobre o sacerdócio. Ao mesmo tempo, propomo-nos de estar sempre atentos ao que o Espírito Santo quer nos dizer. Entretano, voltaremos ao serviço de nossa missão na Igreja e no mundo com alegria renovada e com a convicção de que Deus, o Senhor da história, fica conosco, seja nas crises seja nos novos tempos.
A Vrigem Maria, Mãe e Rainha dos sacerdotes, interceda por nós e nos inspire no seguimento de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.
Roma, 12 de abril de 2010.
Cardeal Cláudio Hummes
Arcebispo Emérito de São Paulo
Prefeito da Congregação para o Clero
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Congregação para o Clero
Caríssimos irmãos no Sacerdócio
sexta-feira, 26 de março de 2010
ZENIT - Síntese da carta de Bento XVI aos católicos da Irlanda
da Carta Pastoral do Papa aos fiéis irlandeses
Na íntegra:
ZENIT - Síntese da carta de Bento XVI aos católicos da Irlanda
Carta Pastoral Completa: http://zenit.org/article-24408?l=portuguese
ATITUDES ATUAIS DE UM SACERDOTE BOM PASTOR
sexta-feira, 12 de março de 2010
A EUCARISTIA DEVE PLASMAR A VIDA DO SACERDOTE
Valorizar a grandeza da vocação sacerdotal, convida arcebispo
O arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Scherer, afirma que o Ano Sacerdotal vivido pela Igreja é uma “oportunidade especial” para que “o próprio padre e a comunidade dos fiéis redescubram a verdadeira identidade do sacerdócio, a grandeza da vocação sacerdotal e a importância do serviço dos padres para a vida da Igreja”.
Leia na íntegra em ZENIT.org
segunda-feira, 8 de março de 2010
1ª PREGAÇÃO DA QUARESMA Pe. RANIERO CANTALAMESSA
1. Os "mistérios" de Deus
A palavra de Deus que nos guia nestas reflexões para o Ano Sacerdotal é Coríntios 4, 1: "Si nos existimet homo, ut ministros Christi et dispensatores mysteriorum Dei"; "Que as pessoas nos considerem como ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus". Meditamos no Advento sobre a primeira parte desta afirmação: o sacerdote como servidor de Cristo, no poder e na unção do Espírito Santo. Resta-nos, nesta Quaresma, refletir a respeito da segunda parte: o sacerdote como dispensador dos mistérios de Deus. Naturalmente, o que dizemos do sacerdote é ainda mais válido para o bispo, que possui a plenitude do sacerdócio.
VISITE TAMBÉM A WEB SITE DA PARÓQUIA SÃO BENEDITO
quinta-feira, 4 de março de 2010
Conferência dentro do Ano Sacerdotal
"A comunicação na Missão do Sacerdote"
Conferência do Exmo. e Revmo. Dom Mauro Piacenza,
Secretário da Congregação para o Clero,
por ocasião da inauguração da Jornada de Estudos promovida pela
Pontifícia Universidade da Santa Cruz – Roma, 2009
Revmo. Sr. Decano,
Revmos. e estimados Relatores e Professores,
Caríssimos Sacerdotes, Religiosas e Religiosos,
Caros irmãos,
Estou muito contente por ter sido convidado a presidir esta Primeira Seção da vossa jornada de Estudos, com o título "A Comunicação na Missão do Sacerdote", sugerida de modo específico durante este Ano Sacerdotal, querido pelo Santo Padre Bento XVI "para favorecer a tensão dos sacerdotes para a perfeição espiritual da qual sobretudo depende a eficácia do seu ministério."[1]
A eficácia do ministério, garantida em seus aspectos essenciais pela Graça divina, descrita no ex opere operato de tomista memória, é confiada também, misteriosa e concomitantemente, de modo fascinante, à liberdade de cada sacerdote, no percurso de sua progressiva configuração existencial a Cristo, Único Sumo Sacerdote; configuração que começa com o Sacramento da Ordem e continua durante todo o tempo de sua existência terrena.
Neste sentido, cada sacerdote é, por excelência, "homem da comunicação": da comunicação com Deus e da comunicação de Deus aos irmãos, confiados à solicitude do seu ministério.
Ao iniciar esta jornada de estudos, inclusive acompanhando a sucessão dos eventos já programados, penso ser importante sublinhar três aspectos da comunicação do Sacerdote, que me parecem essenciais.
1. O sacerdote, homem da comunicação
Como recorda a epístola aos Hebreus, "em verdade, todo pontífice é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados" (V,1).
O Sacerdote é um homem totalmente "relativo a Deus", do único "relativismo" do qual é possível gloriar-se. É um homem constituído pela Misericórdia divina em uma função precisa de representação do próprio Cristo: é alter Christus, como nos ensina a melhor tradição eclesial. Neste sentido, ele, inclusive independentemente dos pessoais dotes de "comunicador", é constituído sacramentalmente em comunicação-representativa do próprio Cristo: o sacerdote e o sacerdócio não são auto-suficientes ou independentes de Cristo; e quando se tornassem – Deus não o permita! –, perderiam sua própria força missionária, reduzindo-se a meras realidades humanas, incapazes, conseqüentemente, de "comunicar" e representar o Mistério.
O próprio exercício do tríplice múnus (tria munera) sacerdotal é eminentemente um ato de comunicação. Não me refiro somente ao múnus docendi, que o é de modo mais direto e imediato na pregação e na catequese; mas também ao múnus santificandi, naquela extraordinária forma de celeste comunicação que é a Divina Liturgia, que obedece às suas precisas e próprias regras comunicativas, nunca disponíveis às manipulações ou ajustes pessoais; e ao mudus regendi, por meio do qual os sacerdotes são chamados a "comunicar" a solicitude de Cristo Cabeça, o Bom Pastor que, através de seus ministros, "apascenta" o seu rebanho para reconduzi-lo ao Pai.
A compreensão e, onde necessário, a re-compreensão da substancial natureza ontológico-representativa do Sacerdócio ministerial, distinto essencialmente do sacerdócio batismal, constitui hoje uma autêntica prioridade para o Clero, tanto na formação inicial quanto na formação permanente.
A este respeito, ensina o Catecismo da Igreja Católica, no n. 1581: "Este sacramento toma a pessoa semelhante a Cristo por meio de uma graça especial do Espírito Santo, para servir de instrumento de Cristo em favor de sua Igreja. Pela ordenação, a pessoa se habilita a agir como representante de Cristo, Cabeça da Igreja, em sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei".
A primeira e a mais eficaz condição para que cada sacerdote assuma conscientemente a responsabilidade pela "comunicação" que põe em ser, é determinada pela compreensão da própria, autêntica e profunda identidade, sacramentalmente e definitivamente determinada, não disponível e, por isto mesmo, objetiva "comunicação" do divino. O próprio Santo Padre, ao colocar em evidência o núcleo essencial da espiritualidade de São João Maria Vianney, de cujo 150o Aniversário celebramos no Ano Sacerdotal, o especificou na "total identificação com o próprio ministério". No entanto, tal identificação é condição imprescindível de toda "comunicação" eficaz.
2. O sacerdote "comunicador" da Igreja e na Igreja
A segunda sugestão, que me parece também urgente propor à vossa reflexão, diz respeito à indevida e freqüentemente embaraçosa proliferação dos padres-show, presentes em muitos órgãos de informação, sobretudo na televisão, sem nenhuma permissão do Ordinário e sem a possibilidade de nenhum controle real por parte da legítima autoridade eclesiástica.
Se, de um lado, seria honestamente desejável, neste âmbito, uma oportuna reflexão sobre o serviço de "vigilância" – epi-scopé – dos Ordinários (não tratar-se-ia de um sufocante regime "policial", mas de um senso de responsabilidade e de caridade pastoral para com todos, desde o povo fiel até àqueles que não crêem), de outro, fere-nos não pouco a constatação de como amiúde, senão na maioria dos casos, certos sacerdotes, e até mesmo alguns religiosos, se afastam, inclusive patentemente, da doutrina comum, não apenas em âmbito moral, mas também em âmbito de fé. É um sinal da perda da própria consciência identitária, que demanda, não raramente, desorientação entre os fiéis leigos e os comuns espectadores, os quais são postos diante da diferença, então clamorosa, entre a "doutrina oficial da Igreja" e aquilo que é "comunicado" (acrescentaria, "inoportunamente!") pelos referidos padres-show.
Sabemos bem como o mundo, em senso joanino – e, neste sentido, não poucos Media desenvolvem plenamente esta tarefa –, tenha sempre procurado "esconder" a Verdade, desorientar e, sobretudo, ocultar a poderosa unidade da doutrina católica, seja entendida em si mesma, como um completo sistema de compreensão da realidade que tem no próprio Deus a sua origem sobrenatural, seja em relação à real unidade do Corpo eclesial que, o sabemos bem, é semente fecunda de um testemunho eficaz, de acordo com a oração sacerdotal: "Ut unum sint".
Agora, mais do que nunca, é importante evitar a proliferação daquilo que não temo em definir como um verdadeiro e real "far-west" comunicativo, no qual alguns sacerdotes, pretendendo falar em nome da Igreja – e, de fato, em parte a representam, pelo menos pela força de sua ordenação sacramental –, produzem divisão e desorientação, causando um verdadeiro dano à unidade e à eficácia da comunicação eclesial e evangélica. Se considerarmos, depois, a amplificação que tais "intervenções mediáticas" têm, pela força dos instrumentos utilizados (que atingem, às vezes, muitos milhões de pessoas!), a responsabilidade se torna verdadeiramente incalculável. Vêm à mente as claras palavras do Senhor: "Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus" (Mt V,19).
A vossa utilíssima Faculdade, primeira neste gênero, tão bem inserida no arco das disciplinas acadêmicas da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, tem também este importante objetivo: clarificar o status epistemológico da Comunicação, declinada segundo a categoria de "institucional", individuando e formando outrossim os "atores", habilitados oficialmente a tal finalidade.
Provavelmente, parte da Igreja e, nessa, do Corpo episcopal, chamado a "vigiar", deve ainda assumir plenamente o significado que, também a nível antropológico, teve – e terá nas próximas décadas –, a assim chamada "revolução mediática" que, depois da "Revolução Francesa" e da "Revolução Industrial", é a mais importante "revolução" da modernidade.
3. Comunicação como meio
Gostaria de fazer uma última observação, antes de dar a palavra ao Prof. Philip Goyret, sobre o significado e sobre a correta posição "teológica" da comunicação.
Criou-se não raramente um certo resvalamento semântico entre os termos "comunhão" (communio) e "comunicação", pensando de atribuírem-se reais ou presumidas "raízes trinitárias" à comunicação humana. Se é claro que o homem é sempre o ator, ou ao menos um dos atores, da comunicação, e que o homem foi criado à imagem do Deus trinitário, e é chamado a torna-se à Sua semelhança, todavia não parece diretamente justificada uma identificação dos dois referidos termos.
A communio pertence à ordem dos fins e é absolutamente necessário respeitar a sua natura, ainda mais dentro do discurso teológico. A comunicação, ao contrário, pertence à ordem dos meios, e pode licitamente ser descrita como um meio, talvez como um dos meios mais eficazes para o alcance, ou melhor, para o acolhimento da communio.
Estou convencido que a reflexão e o aprofundamento desta "instrumentalidade" e "finalização" da comunicação à Comunhão seja uma premissa indispensável de todo o pensar teológico que queira oferecer um contributo realmente edificante e permita, inclusive à comunicação dos sacerdotes, uma real finalização que, em última análise, poderia simplesmente responder à pergunta: "aquilo que estou comunicando pertence à Igreja? Favorece a comunhão? Comunico, isto é, coloco quem me escuta em comunhão com dois mil anos de história cristã?"
Também na comunicação dos Sacerdotes – e concluo – é de extraordinária eficácia aquilo que o Santo Padre Bento XVI recordou em sua Encíclica Caritas in Veritate: "A caridade na verdade coloca o homem perante a admirável experiência do dom. A gratuidade está presente na sua vida sob múltiplas formas, que freqüentemente lhe passam despercebidas por causa duma visão meramente produtiva e utilitarista da existência. O ser humano está feito para o dom, que exprime e realiza a sua dimensão de transcendência. Por vezes o homem moderno convence-se, erroneamente, de que é o único autor de si mesmo, da sua vida e da sociedade. Trata-se de uma presunção, resultante do encerramento egoísta em si mesmo, que provém — se queremos exprimi-lo em termos de fé — do pecado das origens. Na sua sabedoria, a Igreja sempre propôs que se tivesse em conta o pecado original mesmo na interpretação dos fenômenos sociais e na construção da sociedade. 'Ignorar que o homem tem uma natureza ferida, inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no domínio da educação, da política, da acção social e dos costumes' (Catecismo da Igreja Católica, n. 407)" (Bento XVI, S.S. Carta Encíclica Caritas in Veritate, n.34). Evidentemente, pode ser causa de graves erros também no campo da comunicação e da "Comunicação na missão do sacerdote".
Desejo, de coração, bom trabalho a todos!
Roma, 18 de novembro de 2009.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
47º DIA MUNDIAL DE ORAÇÕES PELAS VOCAÇÕES
MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
PARA O DIA
25 DE ABRIL DE 2010 - IV DOMINGO DE PÁSCOA
Tema: O testemunho suscita vocações.
Veneráveis Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Amados Irmãos e Irmãs!
O 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no IV Domingo de Páscoa – Domingo do «Bom Pastor» –, a 25 de Abril de 2010, oferece-me a oportunidade de propor à vossa reflexão um tema que quadra bem com o Ano Sacerdotal: O testemunho suscita vocações. De facto, a fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da acção gratuita de Deus, mas é favorecida também – como o confirma a experiência pastoral – pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada, pois o seu testemunho pode suscitar noutras pessoas o desejo de, por sua vez, corresponder com generosidade ao apelo de Cristo. Assim, este tema apresenta-se intimamente ligado com a vida e a missão dos sacerdotes e dos consagrados. Por isso, desejo convidar todos aqueles que o Senhor chamou para trabalhar na sua vinha a renovarem a sua fidelidade de resposta, sobretudo neste Ano Sacerdotal que proclamei por ocasião dos 150 anos de falecimento de São João Maria Vianney, o Cura d'Ars, modelo sempre actual de presbítero e pároco.
Já no Antigo Testamento os profetas tinham consciência de que eram chamados a testemunhar com a sua vida aquilo que anunciavam, prontos a enfrentar mesmo a incompreensão, a rejeição, a perseguição. A tarefa, que Deus lhes confiara, envolvia-os completamente, como um «fogo ardente» no coração impossível de conter (cf.Jr 20,9), e, por isso, estavam prontos a entregar ao Senhor não só a voz, mas todos os elementos da sua vida. Na plenitude dos tempos, será Jesus, o enviado do Pai (cf. Jo 5,36), que, através da sua missão, testemunha o amor de Deus por todos os homens sem distinção, com especial atenção pelos últimos, os pecadores, os marginalizados, os pobres. Jesus é a suprema Testemunha de Deus e da sua ânsia de que todos se salvem. Na aurora dos novos tempos, João Baptista, com uma vida gasta inteiramente para preparar o caminho a Cristo, testemunha que, se cumprem, no Filho de Maria de Nazaré, as promessas de Deus. Quando O vê chegar ao rio Jordão, onde estava a baptizar, João indica-O aos seus discípulos como «o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O seu testemunho é tão fecundo que dois dos seus discípulos, «ouvindo o que ele tinha dito, seguiram Jesus» (Jo 1,37).
Também a vocação de Pedro, conforme no-la descreve o evangelista João, passa pelo testemunho de seu irmão André; este, após ter encontrado o Mestre e aceite o seu convite para permanecer com Ele, logo sente necessidade de comunicar a Pedro aquilo que descobriu «permanecendo» junto do Senhor: «"Encontrámos o Messias" (que quer dizer Cristo). E levou-o a Jesus» (Jo 1,41-42). O mesmo aconteceu com Natanael – Bartolomeu –, graças ao testemunho doutro discípulo, Filipe, que cheio de alegria lhe comunica a sua grande descoberta: «Acabámos de encontrar Aquele de quem escreveu Moisés na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus, o filho de José, de Nazaré» (Jo 1,45). A iniciativa livre e gratuita de Deus cruza-se com a responsabilidade humana daqueles que acolhem o seu convite, e interpela-os para se tornarem, com o próprio testemunho, instrumentos do chamamento divino. O mesmo acontece, ainda hoje, na Igreja: Deus serve-se do testemunho de sacerdotes fiéis à sua missão, para suscitar novas vocações sacerdotais e religiosas para o serviço do seu Povo. Por esta razão, desejo destacar três aspectos da vida do presbítero, que considero essenciais para um testemunho sacerdotal eficaz.
Elemento fundamental e comprovado de toda a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada é a amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo d'Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus. Se o sacerdote é o «homem de Deus», que pertence a Deus e ajuda a conhecê-Lo e a amá-Lo, não pode deixar de cultivar uma profunda intimidade com Ele e permanecer no seu amor, reservando tempo para a escuta da sua Palavra. A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Tal como o apóstolo André comunica ao irmão que conheceu o Mestre, assim também quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-Lo «visto» pessoalmente, deve tê-Lo conhecido, deve ter aprendido a amá-Lo e a permanecer com Ele.
Outro aspecto da consagração sacerdotal e da vida religiosa é o dom total de si mesmo a Deus. Escreve o apóstolo João: «Nisto conhecemos o amor: Jesus deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos» (1 Jo 3,16). Com estas palavras, os discípulos são convidados a entrar na mesma lógica de Jesus que, ao longo de toda a sua vida, cumpriu a vontade do Pai até à entrega suprema de Si mesmo na cruz. Manifesta-se aqui a misericórdia de Deus em toda a sua plenitude; amor misericordioso que derrotou as trevas do mal, do pecado e da morte. A figura de Jesus que, na Última Ceia, Se levanta da mesa, depõe o manto, pega numa toalha, ata-a à cintura e Se inclina a lavar os pés aos Apóstolos, exprime o sentido de serviço e doação que caracterizou toda a sua vida, por obediência à vontade do Pai (cf. Jo 13,3-15). No seguimento de Jesus, cada pessoa chamada a uma vida de especial consagração deve esforçar-se por testemunhar o dom total de si mesma a Deus. Daqui brota a capacidade para se dar depois àqueles que a Providência lhe confia no ministério pastoral, com dedicação plena, contínua e fiel, e com a alegria de fazer-se companheiro de viagem de muitos irmãos, a fim de que se abram ao encontro com Cristo e a sua Palavra se torne luz para o seu caminho. A história de cada vocação cruza-se quase sempre com o testemunho de um sacerdote que vive jubilosamente a doação de si mesmo aos irmãos por amor do Reino dos Céus. É que a presença e a palavra de um padre são capazes de despertar interrogações e de conduzir mesmo a decisões definitivas (cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 39).
Um terceiro aspecto que, enfim, não pode deixar de caracterizar o sacerdote e a pessoa consagrada é viver a comunhão. Jesus indicou, como sinal distintivo de quem deseja ser seu discípulo, a profunda comunhão no amor: «É por isto que todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35). De modo particular, o sacerdote deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz de fazer caminhar unido todo o rebanho que a bondade do Senhor lhe confiou, ajudando a superar divisões, sanar lacerações, aplanar contrastes e incompreensões, perdoar as ofensas. Em Julho de 2005, no encontro com o Clero de Aosta, afirmei que os jovens, se virem os sacerdotes isolados e tristes, com certeza não se sentirão encorajados a seguir o seu exemplo. Levados a considerar que tal possa ser o futuro de um padre, vêem aumentar a sua hesitação. Torna-se importante, pois, realizar a comunhão de vida, que lhes mostre a beleza de ser sacerdote. Então, o jovem dirá: «Isto pode ser um futuro também para mim, assim pode-se viver» (Insegnamenti, vol. I/2005, 354). O Concílio Vaticano II, referindo-se ao testemunho capaz de suscitar vocações, destaca o exemplo de caridade e de fraterna cooperação que devem oferecer os sacerdotes (cf. Decreto Optatam totius, 2).
Apraz-me recordar o que escreveu o meu venerado predecessor João Paulo II: «A própria vida dos padres, a sua dedicação incondicional ao rebanho de Deus, o seu testemunho de amoroso serviço ao Senhor e à sua Igreja – testemunho assinalado pela opção da cruz acolhida na esperança e na alegria pascal –, a sua concórdia fraterna e o seu zelo pela evangelização do mundo são o primeiro e mais persuasivo factor de fecundidade vocacional» (Pastores dabo vobis, 41). Poder-se-ia afirmar que as vocações sacerdotais nascem do contacto com os sacerdotes, como se fossem uma espécie de património precioso comunicado com a palavra, o exemplo e a existência inteira. Isto aplica-se também à vida consagrada. A própria existência dos religiosos e religiosas fala do amor de Cristo, quando O seguem com plena fidelidade ao Evangelho e assumem com alegria os seus critérios de discernimento e conduta. Tornam-se «sinais de contradição» para o mundo, cuja lógica frequentemente é inspirada pelo materialismo, o egoísmo e o individualismo. A sua fidelidade e a força do seu testemunho, porque se deixam conquistar por Deus renunciando a si mesmos, continuam a suscitar no ânimo de muitos jovens o desejo de, por sua vez, seguirem Cristo para sempre, de modo generoso e total.
Imitar Cristo casto, pobre e obediente e identificar-se com Ele: eis o ideal da vida consagrada, testemunho do primado absoluto de Deus na vida e na história dos homens. Fiel à sua vocação, cada presbítero, cada consagrado e cada consagrada transmite a alegria de servir Cristo, e convida todos os cristãos a responderem à vocação universal à santidade. Assim, para se promoverem as vocações específicas ao ministério sacerdotal e à vida consagrada, para se tornar mais forte e incisivo o anúncio vocacional, é indispensável o exemplo daqueles que já disseram o próprio «sim» a Deus e ao projecto de vida que Ele tem para cada um. O testemunho pessoal, feito de opções existenciais e concretas, há-de encorajar, por sua vez, os jovens a tomarem decisões empenhativas que envolvem o próprio futuro. Para ajudá-los, é necessária aquela arte do encontro e do diálogo capaz de os iluminar e acompanhar sobretudo através do exemplo de vida abraçada como vocação. Assim fez o Santo Cura d'Ars, que, no contacto permanente com os seus paroquianos, «ensinava sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar» (Carta de Proclamação do Ano Sacerdotal, 16/06/2009).
Que este Dia Mundial possa oferecer, uma vez mais, preciosa ocasião para muitos jovens reflectirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, guarde o mais pequenino gérmen de vocação no coração daqueles que o Senhor chama a segui-Lo mais de perto; faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade. Por esta intenção rezo, enquanto concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 13 de Novembro de 2009.
BENEDICTUS PP. XVI
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
"A Todos os que Exercem o Sagrado Ministério”
Papa convida sacerdotes a participarem do Encontro Internacional de Sacerdotes em Roma, por ocasião da conclusão do Ano Sacerdotal
"O Ano Sacerdotal seja uma ocasião a mais para os religiosos presbíteros, para intensificar o caminho de santificação e, para todos os consagrados e as consagradas, um estímulo para acompanhar e apoiar o seu ministério com fervorosa oração. Este ano de graça terá um momento culminante em Roma, no mês de junho próximo, no encontro internacional dos sacerdotes, ao qual convido todos os que exercem o Sagrado Ministério".
PAPA BENTO XVI,
Homilia na Celebração das Vésperas da Festa da
Apresentação do Senhor, 2 de fevereiro de 2010
LANÇADA A PROGRAMAÇÃO DO ENCERRAMENTO DO ANO SACERDOTAL
Congresso internacional
de sacerdotes
Roma, 9-11 de junho de 2010
"FIDELIDADE DE CRISTO,
FIDELIDADE DO SACERDOTE"
- PROGRAMAÇÃO OFICIAL
- Ficha de Inscrição para o congresso http://www.annussacerdotalis.org/annus_sacerdotalis/annus_sacerdotalis___portugues/00002212_Encontro_Internacional_de_Sacerdotes___Roma__9_11_.html
1. PROGRAMAÇÃO OFICIAL
09 de junho de 2010, quarta-feira
Basílica de São paulo fora dos muros
" Conversão e Missão"
9h Invocação do Espírito Santo
Conferência do Em.mo Card. Joachim Meisner, Arcebispo de Köln
Adoração Eucarística, com possibilidade de confissões
Celebração da Santa Missa presidida pelo Em.mo Card. Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero
10 de junho de 2010, quinta-feira
Basílica de santa maria maior
"O Cenáculo: invocação do Espírito Santo com Maria, em comunhão fraterna"
9h Invocação do Espírito Santo
Conferência do Em.mo Card. Marc Ouellet, Arcebispo de Québec
Adoração Eucarística, com possibilidade de confissões
Celebração da Santa Missa presidida pelo Em.mo Card. Tarcisio Bertone, Secretário de Estado de Sua Santidade
à noite Encontro na PRAÇA DE SÃO PEDRO
Vigília
Testemunhos e momentos musicais
Diálogo com S. S. Bento XVI
Adoração e bênção eucarística
11 de junho de 2010, sexta-feira – Solenidade do Sagrado Coração de Jesus
Basílica de São Pedro
"Com Pedro, em comunhão eclesial"
de manhã Celebração da Santa Missa presidida pelo S.S. Bento XVI
Para as celebrações eucarísticas é necessário trazer TÚNICA E ESTOLA BRANCA
O PRESENTE PROGRAMA PODERÁ SOFRER VARIAÇÕES E/OU INTEGRAÇÕES
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Mensagem aos Padres Brasileiros do Prefeito da Congregação para o Clero
“Fidelidade de Cristo, fidelidade do Sacerdote!”, eis o tema do Ano Sacerdotal que estamos vivenciando. O Papa Bento XVI deseja que este ano especial seja um tempo de profunda renovação interior dos sacerdotes. Justamente por essa razão, propõe São João Maria Vianney como modelo de vida sacerdotal, um exemplo antigo, mas com uma mensagem de vida e santidade sacerdotal que são perenes e atuais.
A Cura d’Ars dizia que “um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus é o maior tesouro que o Bom Deus possa dar a uma paróquia e uma das dádivas mais preciosas da misericórdia divina”. Ser pastor segundo o coração de Deus, eis o grande desafio para os sacerdotes de todos os tempos, eis o maior tesouro que o nosso Pai poderia oferecer aos fiéis de nossas comunidades.
O sacerdote será Bom Pastor na medida em que, através do exercício quotidiano do seu ministério, se dedicar integralmente a Cristo e, por Ele, com Ele e Nele, aos irmãos, em total fidelidade, sempre a exemplo do mesmo Senhor. Por essa razão, o apelo à fidelidade quer recordar a cada um de nós, o feliz dever de renovar os compromissos assumidos no dia da nossa Ordenação, de sermos, de fato, homens pobres, castos, obedientes, fiéis anunciadores do Evangelho, a todos sem exceção, em espírito de verdadeira comunhão eclesial.
O povo brasileiro, sedento de Deus, deseja vivamente que seus sacerdotes sejam homens de Deus. Por sua vez, o sacerdote não se tornará “homem de Deus” se não for “homem de oração”. Assim sendo, na vida do sacerdote a oração e a intimidade com Deus são essenciais e insubstituíveis. A oração na vida do presbítero ou ocupa um lugar central, ou será um belo ideal, distante de ser concretizado.
O Papa Bento XVI, em sua homilia da Quinta‐feira Santa de 2006, afirma que “ser sacerdote significa ser homem de oração”. Se o trabalho pastoral não for precedido e acompanhado pela oração, perderá seu valor e sua eficácia. O tempo que empregamos no cultivo da amizade com Cristo, na oração pessoal e litúrgica – concretamente na dedicação de um tempo determinado e quotidiano à meditação e na fiel recitação da Liturgia das Horas –, é um tempo de atividade autenticamente pastoral. Por essa razão, o sacerdote deve ser, sempre, um homem de oração. Não nos iludamos: se falta a oração pessoal na vida do presbítero, sua ação pastoral será estéril e correrá o risco de perder de vista o “primeiro Amor”, ao qual entregou incondicionalmente sua vida, naquele dia memorável e cheio de generosidade, o dia da sua ordenação sacerdotal.Em referência à programação para o Ano Sacerdotal, gostaríamos de lembrar‐vos do Encontro Internacional de Sacerdotes, com o Santo Padre, em Roma, nos dias 9, 10 e 11 de junho do ano corrente, por ocasião do encerramento deste tempo de graça. Queremos fazer deste encontro um marcante gesto de comunhão eclesial, com a presença de sacerdotes das várias nações do mundo, junto ao Sucessor de Pedro. Todos são convidados a participar deste evento. Desejamos poder contar com um significativo número de sacerdotes do Brasil, pois poderá significar uma feliz ocasião para agradecer ao Santo Padre seu carinho e atenção para com o povo brasileiro, especialmente depois de sua visita par a abertura da Conferência Geral do Episcopado Latino‐americano e do Caribe, em Aparecida.
Caros irmãos, gostaríamos de exortar‐vos, com aquelas mesmas palavras de São Paulo: “Estai sempre alegres. Orai continuamente. Em todas as circunstâncias, daí graças, porque esta é a vontade de Deus, em Cristo Jesus, a vosso respeito (...) Que o próprio Deus da paz vos santifique inteiramente, e que todo o vosso ser – o espírito, a alma e o corpo – seja guardado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!” (1 Tess. 5, 16‐18.23s).
Com estes mesmos sentimentos queremos que continuais a viver o Ano Sacerdotal: sempre alegres, porque grande é o dom da vossa vocação e urgente um novo ardor missionário, a fazer‐se presente no coração sacerdotal de cada um de vós. Despedimo‐nos, implorando ao Senhor Jesus que vos abençoe e santifique com a sua graça!
Cidade do Vaticano, 03 de fevereiro de 2010.
Card. Cláudio Hummes
Arcebispo Emérito de São Paulo - Prefeito da Congregação para o Clero
Dom Mauro Piacenza
Arcebispo tit. de Victoriana - Secretário
"O sacerdote e a pastoral no mundo digital" - 44º dia Mundial das Comunicações Sociais
O tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais - "O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra" - insere-se perfeitamente no trajecto do Ano Sacerdotal e traz à ribalta a reflexão sobre um âmbito vasto e delicado da pastoral como é o da comunicação e do mundo digital, que oferece ao sacerdote novas possibilidades para exercer o seu serviço à Palavra e da Palavra. Os meios modernos de comunicação fazem parte, desde há muito tempo, dos instrumentos ordinários através dos quais as comunidades eclesiais se exprimem, entrando em contacto com o seu próprio território e estabelecendo, muito frequentemente, formas de diálogo mais abrangentes, mas a sua recente e incisiva difusão e a sua notável influência tornam cada vez mais importante e útil o seu uso no ministério sacerdotal.
A tarefa primária do sacerdote é anunciar Cristo, Palavra de Deus encarnada, e comunicar a multiforme graça divina portadora de salvação mediante os sacramentos. Convocada pela Palavra, a Igreja coloca-se como sinal e instrumento da comunhão que Deus realiza com o homem e que todo o sacerdote é chamado a edificar n’Ele e com Ele. Aqui reside a altíssima dignidade e beleza da missão sacerdotal, na qual se concretiza de modo privilegiado aquilo que afirma o apóstolo Paulo: "Na verdade, a Escritura diz: "Todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido". [...] Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Mas como hão-de invocar Aquele em quem não acreditam? E como hão-de acreditar n’Aquele de quem não ouviram falar? E como hão-de ouvir falar, se não houver quem lhes pregue? E como hão-de pregar, se não forem enviados?" (Rm 10,11.13-15).
Hoje, para dar respostas adequadas a estas questões no âmbito das grandes mudanças culturais, particularmente sentidas no mundo juvenil, tornaram-se um instrumento útil as vias de comunicação abertas pelas conquistas tecnológicas. De facto, pondo à nossa disposição meios que permitem uma capacidade de expressão praticamente ilimitada, o mundo digital abre perspectivas e concretizações notáveis ao incitamento paulino: "Ai de mim se não anunciar o Evangelho!" (1 Cor 9,16). Por conseguinte, com a sua difusão, não só aumenta a responsabilidade do anúncio, mas esta torna-se também mais premente reclamando um compromisso mais motivado e eficaz. A este respeito, o sacerdote acaba por encontrar-se como que no limiar de uma "história nova", porque quanto mais intensas forem as relações criadas pelas modernas tecnologias e mais ampliadas forem as fronteiras pelo mundo digital, tanto mais será chamado o sacerdote a ocupar-se disso pastoralmente, multiplicando o seu empenho em colocar os media ao serviço da Palavra.
Contudo, a divulgação dos "multimédia" e o diversificado "espectro de funções" da própria comunicação podem comportar o risco de uma utilização determinada principalmente pela mera exigência de marcar presença e de considerar erroneamente a internet apenas como um espaço a ser ocupado. Ora, aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para desempenharem o próprio papel de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das muitas "vozes" que surgem do mundo digital, e anunciar o Evangelho recorrendo não só aos media tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo, animações, blogues, páginas internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis inclusive para a evangelização e a catequese.
Através dos meios modernos de comunicação, o sacerdote poderá dar a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrirem o rosto de Cristo, conjugando o uso oportuno e competente de tais meios - adquirido já no período de formação - com uma sólida preparação teológica e uma espiritualidade sacerdotal forte, alimentada pelo diálogo contínuo com o Senhor. No impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos media, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da "rede".
Também no mundo digital deve ficar patente que a amorosa atenção de Deus em Cristo por nós não é algo do passado nem uma teoria erudita, mas uma realidade absolutamente concreta e actual. De facto, a pastoral no mundo digital há-de conseguir mostrar, aos homens do nosso tempo e à humanidade desorientada de hoje, que "Deus está próximo, que, em Cristo, somos todos parte uns dos outros" [Bento XVI, Discurso à Cúria Romana na apresentação dos votos de Natal: "L’Osservatore Romano" (21-22 de Dezembro de 2009) pág. 6].
Quem melhor do que um homem de Deus poderá desenvolver e pôr em prática, mediante as próprias competências no âmbito dos novos meios digitais, uma pastoral que torne Deus vivo e actual na realidade de hoje e apresente a sabedoria religiosa do passado como riqueza donde haurir para se viver dignamente o tempo presente e construir adequadamente o futuro? A tarefa de quem opera, como consagrado, nos media é aplanar a estrada para novos encontros, assegurando sempre a qualidade do contacto humano e a atenção às pessoas e às suas verdadeiras necessidades espirituais; oferecendo, às pessoas que vivem nesta nossa era "digital", os sinais necessários para reconhecerem o Senhor; dando-lhes a oportunidade de se educarem para a expectativa e a esperança, abeirando-se da Palavra de Deus que salva e favorece o desenvolvimento humano integral. A Palavra poderá assim fazer-se ao largono meio das numerosas encruzilhadas criadas pelo denso emaranhado das auto-estradas que sulcam o ciberespaço e afirmar o direito de cidadania de Deus em todas as épocas, a fim de que, através das novas formas de comunicação, Ele possa passar pelas ruas das cidades e deter-se no limiar das casas e dos corações, fazendo ouvir de novo a sua voz: "Eu estou à porta e chamo. Se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo" (Ap 3, 20).
Na Mensagem do ano passado para idêntica ocasião, encorajei os responsáveis pelos processos de comunicação a promoverem uma cultura que respeite a dignidade e o valor da pessoa humana. Este é um dos caminhos onde a Igreja é chamada a exercer uma "diaconia da cultura" no actual "continente digital". Com o Evangelho nas mãos e no coração, é preciso reafirmar que é tempo também de continuar a preparar caminhos que conduzam à Palavra de Deus, não descurando uma atenção particular por quem se encontra em condição de busca, mas antes procurando mantê-la desperta como primeiro passo para a evangelização. Efectivamente, uma pastoral no mundo digital é chamada a ter em conta também aqueles que não acreditam, caíram no desânimo e cultivam no coração desejos de absoluto e de verdades não caducas, dado que os novos meios permitem entrar em contacto com crentes de todas as religiões, com não-crentes e pessoas de todas as culturas. Do mesmo modo que o profeta Isaías chegou a imaginar uma casa de oração para todos os povos (cf. Is 56,7), não se poderá porventura prever que a internet possa dar espaço - como o "pátio dos gentios" do Templo de Jerusalém -também àqueles para quem Deus é ainda um desconhecido?
O desenvolvimento das novas tecnologias e, na sua dimensão global, todo o mundo digital representam um grande recurso, tanto para a humanidade no seu todo como para o homem na singularidade do seu ser, e um estímulo para o confronto e o diálogo. Mas aquelas apresentam-se igualmente como uma grande oportunidade para os crentes. De facto nenhum caminho pode, nem deve, ser vedado a quem, em nome de Cristo ressuscitado, se empenha em tornar-se cada vez mais solidário com o homem. Por conseguinte e antes de mais nada, os novos media oferecem aos presbíteros perspectivas sempre novas e, pastoralmente, ilimitadas, que os solicitam a valorizar a dimensão universal da Igreja para uma comunhão ampla e concreta; a ser no mundo de hoje testemunhas da vida sempre nova, gerada pela escuta do Evangelho de Jesus, o Filho eterno que veio ao nosso meio para nos salvar. Mas, é preciso não esquecer que a fecundidade do ministério sacerdotal deriva primariamente de Cristo encontrado e escutado na oração, anunciado com a pregação e o testemunho da vida, conhecido, amado e celebrado nos sacramentos sobretudo da Santíssima Eucaristia e da Reconciliação.
A vós, queridos Sacerdotes, renovo o convite a que aproveiteis com sabedoria as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna. Que o Senhor vos torne apaixonados anunciadores da Boa Nova na "ágora" moderna criada pelos meios actuais de comunicação.
Com estes votos, invoco sobre vós a protecção da Mãe de Deus e do Santo Cura d’Ars e, com afecto, concedo a cada um a Bênção Apostólica.
Vaticano, 24 de Janeiro - dia de São Francisco de Sales - de 2010
BENEDICTUS PP. XVI
[Libreria Editrice Vaticana]